segunda-feira, 26 de julho de 2010

Crítica de Pedro Borges (A Barraca/Portugal)

Pedro Borges, além de ser ator da cia portuguesa A BARRACA, é improvisador e faz Long Form em Lisboa com o espetáculo IMPROVISOS. A seguir, sua análise do espetáculo do dia 21 de julho de 2010, na Sede da Cia dos Atores

"Pois lá fui hoje ver os nossos colegas brasileiros ao espectáculo "Dois é bom". É o primeiro long-form no Rio de Janeiro que já vai fazendo algum sucesso. Actuam às quartas-feiras e a casa estava cheia (60 lugares).
São só dois actores, um ele e uma ela. Ah, e um teclista com um keyboard.

Em palco estão duas cadeiras, o músico e um grande quadro negro que é usado para escrever com giz. Eles pedem uma palavra ao público. Foi dada a palavra tangerina. Enquanto um escreve a palavra no quadro, o outro vai fazendo um monólogo para o público, dizendo o que é que essa palavra lhe faz lembrar e conta uma história. A dada altura o outro faz um tag e, a propósito de alguma palavra ou tema do monólogo, começa um novo monólogo sobre o novo tema enquanto o outro adiciona novas palavras/temas ao quadro. Isto dura cerca de 10 minutos e o quadro fica com várias (10/12) palavras escritas. Vão ser a "gasolina" para o harold.

Depois fazem cenas. Poucas e longas. Vi 4 cenas, cada uma com cerca de 10 minutos. As primeiras três eram independentes e a 4ª cena ia buscar elementos à primeira cena. Não faziam edits bruscos. As cenas tinham início e fim e não eram interrompidas. No final os actores sentam-se nas cadeiras, olham para o quadro, bebem água e depois começam a cena seguinte. Um actor faz a iniciação, com alguma personagem, e o outro levanta-se da cadeira e dá a contra-cena.

O rapaz do som intervem discretamente, o que é bom. Consegue fazer muita coisa boa com aquele keyboard: trovões, chuva, tambores, etc. giro. Usam cerca de 12 projectores e o operador de luz faz alguns efeitos básicos, que ajudam as cenas.

O que gostei mais no espectáculo deles foi a qualidade das cenas a dois e emoção na relação entre personagens, bem aprofundadas. O harold não tinha praticamente enredo, portanto tudo se focava na relação e na vida que se criava dentro das personagens.

1ª cena - Avô e neta. Ele fez um idoso muito bem feito, e conseguiu tocar-nos com a sua sensibilidade.
2ª cena - Rapariga e rapaz num buggy. Ele queria alguma coisa com ela, mas ela nem por isso. Tiveram a inteligência de deixar que a conversa e as circunstâncias os levassem a que no final houvesse romance. Mas de uma forma fluída, que podia mesmo acontecer na realidade. Não foi forçado.
3ª cena - Mulher suicida e faxineiro no topo de um edifício. Cena muito bonita, a explorar sensibilidades e emoções. No fim ela desiste do suicídio e ele, quando fica a sós, brilhantemente, solta umas asas das suas costas e voa, assumindo-se como um anjo!
4ª cena - a neta vai ao espirita para tentar falar com o avô, para lhe pedir desculpas. De novo uma cena que teve tanto de cómica como de bonita.

O que mais me interessou foi ver o lado sensível e bonito das personagens, que se consegue com alguma calma (e tempo!). Todas as cenas foram bonitas, divertidas e emocionantes. E jogaram simples, para a a beleza. Não se desdobraram em personagens múltiplas, nem fizeram passagens de tempo, ou saltos dentro das cenas. Jogam seguro e com qualidade. O improv long-form no Rio de Janeiro está muito bem entregue!"

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Crítica de Lionel Fischer p/ DOIS É BOM

Teatro/CRÍTICA

"Dois é bom"

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Improviso em cena na Lapa


Lionel Fischer


Sempre fui e sempre serei apaixonado por Improvisação. E são tantas as razões desta paixão que, caso resolvesse enumerá-las todas aqui, fugiria por completo ao presente objetivo, que é o de fazer a crítica do espetáculo "Dois é bom". Seja como for, não custa nada mencionar que fui aluno de improvisação de Maria Clara Machado, no Tablado, durante seis anos (dos 15 aos 21 anos), dei um curso na Funarte sobre o tema, em 2006, ("Improvisação teatral: você sabe realmente o que é isso?") e, de 15 anos para cá, voltei a dar aulas de improvisação no Tablado.

Isto posto, vamos ao que de fato importa. "Dois é bom", em cartaz na Sede da Cia. dos Atores, é uma montagem que acontece de forma sempre improvisada, tendo como mola propulsora uma palavra dita por alguém na platéia - ou seja: ninguém jamais assistirá ao mesmo espetáculo. Na sessão de ontem, a palavra escolhida por um espectador foi "arroz". Então, os atores Ana Paula Novellino e Claudio Amado começaram a improvisar.

Mas, ao contrário do que ocorre normalmente, aqui a palavra "arroz" serve apenas para criar um contexto inicial, que vai sendo desenvolvido e modificado à medida que a improvisação avança, sendo criadas novas situações e, obviamente, novos personagens. Embora não seja uma proposta inédita, ela apresenta muitos desafios, já que não se trata de uma improvisação curta, como normalmente acontece, mas de uma narrativa que dura 60 minutos.

Autores do projeto, Ana Paula Novellino e Claudio Amado (acompanhados pelo músico Tayo Omura) exibem imaginação, humor e bom entrosamento, explorando de forma eficiente os impulsos momentâneos que levam à criação de cenas e personagens. Como única ressalva, mencionaria uma certa lentidão no ritmo do espetáculo, que poderia - e deveria - apresentar maiores variações neste particular, mesmo levando-se em conta que tudo está sendo criado no momento. Seja como for, trata-se de uma montagem corajosa e que, imagino, poderá ganhar maior agilidade com o correr da temporada.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

NOVA TEMPORADA!!! "DOIS É BOM" - Julho e Agosto/Sede da Cia dos Atores














Produção: Pedro Figueiredo e Lola Borges

Fotos: Thiago Facina

Programação Visual: Julio Galhardi


Horário: 4ªs - 20:00

Temporada: 07/07 à 25/08

Local: Sede da Cia dos Atores

Rua Manoel Carneiro, 10/12 - Lapa

Tel: (21) 2242-4176

Censura: 14 anos

Duração: 60 minutos

Ingresso: 20 reais (meia entrada para estudantes e classe)